domingo, 11 de julho de 2010

Ficaram juntos durante alguns anos. Nos primeiros, havia muita paixão. Rápido, muito rápido, havia amor. Ela sentia-se a pessoa mais amada do mundo. A convivência era perfeita. Era, literalmente, uma vida de flores. de mimos. de brincadeiras. de surpresas. Com ele, teve a certeza de que poderia ser amada por um homem. Ele já entrou em sua vida amando-a. Ela quiz amá-lo, mas não foi difícil, ele era encantador. A pessoa mais doce que Alice já havia conhecido. Ela até achava que viviam à parte do mundo real, e, no início isso lhe parecia interessante. More comigo, case comigo, seja só minha. Alice já era dele. Só queria que ele entendesse que podia gostar das outras coisas do mundo também. Entendeu. Ele entrou em seu mundo e cativou as pessoas de uma forma que nem ela esperava. As palavras seriam poucas para descrever como foram felizes. Viajaram. planejaram. amaram. E acabou. Não interessa procurar o momento exato. Não adianta procurar que defeitos dele ela achava mais grave. Algumas coisas acabam. Dão certo por um momento. Acabam. Agora, Alice queria outras formas de viver. Talvez no mundo real. Precisava deixá-lo sair de sua vida. Deixá-lo amar outra pessoa. O amor que ela tinha para dar não podia mais ser destinado a ele. Era tão difícil deixá-lo. Era abrir mão de quem fazia o impossível para vê-la sorrir. Era dar adeus para quem amava cada parte do seu corpo. De quem a achava impressionante o tempo todo: ora bela, ora inteligente. Era perder a doçura que ele dava à vida. Era hora de ir embora. O que levar? Levava o choro que vem com a decisão que é difícil tomar. Levava algumas roupas. Levava as fotos. Experiência de vida. Levava, mas deixava tanto... Deixava as cores da casa que ela escolheu, as paredes cheias de foto como ela gostava, a manta colorida para o sofá que ele não apreciava. Deixava o cachorro, os planos de felicidade naquela vida, as músicas cantadas juntos. Deixava o anel. E, junto com tudo isso, deixava o que mais lhe faria falta, ele. Ganhava saudade, possibilidades... E o tempo, o mesmo que faz esquecer as coisas ruins e sobrar as boas, faz também esquecer as coisas boas depois. A vida dela agora era sem ele, coisa que ela queria, mas que temia também. Ainda digeria o luto dessa perda. De tempos em tempos um pouco mais.

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