sábado, 7 de agosto de 2010

E depois de um relacionamento de anos, restaram encontros esporádicos. Mas agora, como amigos. Ele ainda falava com Alice com aquele carinho de quem quer dar proteção, ela, falava com o desconforto de quem tem muitos sentimentos misturados. Existia principalmente a saudade das coisas boas, dos agradáveis momentos do dia-a-dia, mas ela vinha acompanhada de uma tristeza pelo entendimento de que a relação amorosa havia acabado. Alice chorou por isso contentando-se com o fim. Tinha que se conformar que, embora tivesse que lidar com o fim do amor, tinha conseguido o que queria. Sem ele em sua vida, sem a forma como tinham estabelecido a relação, Alice teria a liberdade de usufruir dos seus planos de vida, do que quisesse produzir. Deixaria de ser a princesa dele para ser o que quisesse ser. No caminho em que seguiam, logo a vida estaria definida: lar, casamento, filhos. Mas, quando Alice se perguntava o que queria da vida, sempre lhe vinham planos de conhecer novos lugares, aprender coisas novas, descobrir em si novos prazeres e aptidões. Por ele, restava ainda a admiração, sorrisos quando lembrava das tantas coisas boas que viveram e aquela tristeza porque não viveriam mais o mesmo caminho. Voltou à antiga casa que agora era só dele e sentiu a diferença: decoração sóbria. Ela não estava mais lá.

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