sábado, 28 de março de 2009

Na infância, Alice tinha um quê de tristeza. Calava-se. Subia na árvore e ficava só. Talvez triste, talvez em paz. Subia quando tinha tristezas de criança. Período de separação. Na adolescência também tinha um quê de tristeza, mas a árvore não existia mais para ela. Existia para outros. Hoje, Alice ainda tem tristezas. Tristeza pelo desejo não descoberto... Agora, sabe que a vida não é fácil. Quem falou que seria? Não lembra. Mas, descobriu, embora já ouvisse pistas, que a dificuldade pode ser amenizada. Descobriu quando percebeu, despretensiosamente, a música de um pássaro. Música com sutis cadências de engano. Não muitas. Esse era simples, sem muita criatividade. Simples como Alice. Simples como as férias compartilhadas com os primos na casa de praia. As conversas com a irmã. Um fim de tarde, sol morno, ondas pequenas e a criança que pega a mão de Alice. O futebol na areia cinza e a vó entregando a bucha para tomarem banho. As brincadeiras na fazenda. O "gato-mia". A conversa com o amigo. As brigas e reconciliações. O cinema e o brigadeiro. O ensaio semanal. A conversa constante. O caminhar no vento. A música da mãe. O beijo demorado. O frio na barriga. A viagem de carro. O banho de cachoeira. As flores recebidas. O cachorro no café-da-manhã. O olhar do pai. O choro aclmado pela irmã. A conversa na calçada. Alice descobriu que além das tristezas, a vida era também, simplesmente feliz.

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