quarta-feira, 1 de abril de 2009

Ela sentou. Leu. Lembrou. Um reencontro deixou tudo mais recente. Depois de tanto tempo, o reencontro. Quantas vezes reencontraram-se! Tantas vezes que talvez ela nem se lembre. Alice sabe que não precisa estar longe para que exista o desencontro. Abraços. Abraços. Abraços. Olhos fechados. Podia lhe dar mais. Podia dizer mais. Não, não podia. A amizade entre eles nunca poderá ser entendida. Nem por ela. Até quando eram irmãos? Até quando eram amigos? Até quando? O que Alice podia esperar depois de tantos desencontros? Só sentia. Sentia por todos os amores secretos que não viveu por falta de coragem. Sentia por não ter se oferecido mais. Ela não sabia mais o que queria. Queria alguém para enxugar suas lágrimas? Sua vaidade a fazia tê-los? Não sabia. Talvez, quisesse todos. Sabia que não podia. Eles não aceitariam. Ainda podia lembrar dos momentos. Momentos em que era só ela e ele. Cada um tinha seu momento com ela. Será que num instante é melhor ter outro momento? Talvez. Em meio a tantas renúncias, talvez seja melhor interromper e começar diferente. Tê-los na lembrança e só. O que ela esperava do amor agora? Alice não sabia. O amor antes tão desejado, estava agora desacreditado. Flores foram dasdas, palavras confiadas, o corpo, o sentimento. Tudo foi entregue. Renúncia às reivindicações. Será que o amor precisaria ser assim? Alice não sabia. Antes, esperava um amor para toda vida. Agora, nem sabia para que caminho ia sua vida, como poderia achar que alguém a acompanharia? Alice tinha na conta, alguns homens que a amaram. Os outros foram amores não correspondidos de uma parte ou de outra. De fato, poucos a tiveram. Talvez, nem tivessem todo o amor dos outros. De que adianta números? Muito? Pouco? Alice sentiu-se amada. Mas, e o amor que ela tinha para oferecer? De que adiantava ser amada? O que adiantava ser ouvida, o que importava ser conhecida? Se eles sabiam que quando ela estava nervosa, espirrava, ou se sabiam que quando ela bebia sua orelha ficava vermelha? O amor era só isso? Compreensão e intimidade?Alice queria frio na barriga. Alice queria sorrir à toa. Pode alguém viver assim? O amor deixa alguém eternamente nesse estado? Alice não sabia o que esperar da vida. Ainda não estava certa do que queria. O amor se foi? Disso, Alice não sabia, mas sentia que a resposta estava próxima, muito próxima.

Um comentário:

  1. Alice,
    Fiquei com uma dúvida: a condição de viver é fazer sempre perguntas ou um dia achar respostas para algumas delas?

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